Mystic Grill

A Forasteira

Roupa | Música

Mystic Falls. O nome soava estranho quanto mais eu o pronunciava em pensamento. Apertei os dedos em torno do volante, estacionando o carro num dos locais mais frequentados pela população jovem da cidade. Se eu realmente quisesse me misturar e começar uma vida nova, teria de entrar e conhecer o tão famoso Mystic Grill. Antes de descer do meu lustroso Camaro 1960, eu observei a entrada do bar e um leve sorriso se formou no canto dos meus lábios. Retirei o cinto e abri a porta, fechando-a após sair do carro. Acionei o alarme e caminhando em passos rítmicos e calmos, entrei no bar. A música lá dentro era animada e a maioria das pessoas que ali estavam tinham entre quinze e vinte e cinco anos. Sorrindo torto, eu me aproximei da mesa de sinuca, onde dois rapazes apostavam dinheiro. Ambos bebiam alegres, brindando a cada bola encaçapada.

– É isso aí! – O mais alto deles disse após encaçapar a bola número dois, virando o copo com cerveja na boca em seguida.

Ri, observando os movimentos que o outro rapaz fazia, tentando acertar a bola preta. Avancei em passos largos para trás do rapaz e ajeitei seu braço sobre o taco de sinuca, sussurrando em seu ouvido:

– Um pouco mais para frente... – Sorri torto ao notar que o rapaz se arrepiou quando minha respiração tocou a pele de seu pescoço. – Se você acertar vai me pagar uma bebida. – Ri, afastando-me para observar a tacada do rapaz.

Antes de fazer o movimento, ele me fitou por sobre seu ombro e sorriu, piscando. E então, deslizou o taco num movimento preciso e rápido, encaçapando a bola rosa, número seis, e a bola preta, número sete.

– Isso! – Ele soltou o taco sobre a mesa e entornou toda a cerveja na boca. Virou-se para mim, sorrindo. – Valeu. – Se aproximou de forma calma. – Sou Dougie.

– Hanna.

– Bem, Hanna, eu acho que nunca te vi por aqui. Com certeza eu me lembraria dos seus olhos azuis. – Ele tocou de leve meu rosto, sorrindo maliciosamente. Sorri torto e afastei sua mão de leve.

– Quero um copo de whiskey, com bastante gelo, por favor. – Disse à garçonete que passou por nós. – Por conta do nosso amigo Dougie aqui. – Ri, afastando-me da mesa de sinuca. Caminhei para o centro do bar e puxei uma cadeira numa das mesas vazias. Logo Dougie e o outro rapaz se sentaram comigo.

– Então, esse é Mika. Mika essa é Hanna. – Olhei para o rapaz de cabelos encaracolados e sorri.

– Prazer Mika, Dougie. – Fiz um leve aceno com a cabeça. – Já devem ter notado que sou nova aqui.

Ambos acenaram positivamente com a cabeça, enquanto bebiam de suas cervejas.

– E já notamos também que você não parece ter idade para beber... – Senti os olhos dos dois rapazes sobre mim quando peguei o copo com whiskey na bandeja da garçonete.

Debrucei-me sobre a mesa, puxando o colarinho de ambos os rapazes, olhando-os dentro dos olhos.

– Eu tenho sim. – Disse com a voz firme, hipnotizando-os. Dei um sorriso largo ao vê-los concordar. – Ótimo. – Soltei-os rapidamente. Dei um grande gole em minha bebida e levantei-me da mesa, caminhando para o balcão do bar. Sentei-me num banquinho alto, encostando um dos cotovelos sobre a madeira do balcão. – Por favor, uma porção de batatas fritas e... – Fitei meu copo quase vazio. – Traga a garrafa de whiskey. – Ri, fazendo-a as duas garçonetes rirem comigo.

Dois dias na pequena Mystic Falls e eu já estava me sentindo acolhida. Não pelo fato de estar sendo secada por dois marmanjos quase bêbados, mas por estar num local público e mesmo assim, poder ser quem eu era sem ter que forçar sorrisos ou me isolar.

– À Mystic Falls... – servi o whiskey da garrafa em meu corpo e o ergui – e ao meus próximos prósperos anos aqui. – Sorrindo, virei o copo, entornando toda a bebida na boca.

Um bom começo. Um ótimo começo, na verdade.